Nós, Médicos pelo Ar Limpo, vimos aqui orientar a população sobre como se proteger da fumaça provocada pelas queimadas que assolam o país de norte a sul. A fumaça das queimadas é composta por partículas e gases.
O material particulado é o poluente mais presente e também o mais prejudicial à saúde. E quanto menor a partícula, maior será o efeito. Isso porque as partículas menores, que medem até 100 vezes menos que um fio de cabelo, entram nos pulmões pela respiração, atingem as vias respiratórias menores e podem provocar inflamação.
Nos alvéolos pulmonares, onde há troca de gases, as partículas entram na circulação sanguínea, atingindo outros órgãos do corpo. Os efeitos mais imediatos são no sistema respiratório, mas os impactos podem se estender ao sistema cardiovascular e a outras partes do organismo.
Em casos de altos níveis de poluição do ar, como os que estamos enfrentando no Brasil neste momento, toda a população sofrerá os efeitos adversos. No entanto, alguns grupos populacionais são particularmente mais sensíveis à exposição, como as crianças, os idosos, as gestantes, os trabalhadores ao ar livre e as pessoas com doenças crônicas.
Esses grupos precisam de proteção especial para minimizar a exposição à fumaça e ao ar contaminado. É importante lembrar que a combinação de altas temperaturas, ar seco, baixa umidade e poluição do ar torna o enfrentamento da situação mais desafiador e exige medidas adicionais para prevenir o agravamento dos sintomas.
Os efeitos mais percebidos incluem o ardor e a irritação nos olhos, os sintomas respiratórios superiores (como os alérgicos, a rinite, a sinusite, a garganta seca), as lesões alérgicas na pele e a coceira. O ar seco e poluído dificulta a umidificação das vias aéreas e a defesa natural local, podendo ocasionar infecção viral ou por bactérias.
Os efeitos diretos nos brônquios e pulmões podem provocar tosse, bronquite, asma, bronquiolite em crianças menores e até mesmo pneumonia. Em idosos, principalmente, poderão ocorrer arritmia cardíaca, infarto do coração e derrame cerebral. Combinadas com o calor extremo e a secura do ar, essas condições tendem a agravar a situação. Podem ocorrer exaustão, insolação, desidratação, confusão mental e desmaio, com risco de óbito em casos graves.
Fiquem atentos à piora dos sintomas e procurem atendimento médico se necessário.
Como se proteger?
Seguem algumas orientações básicas para minimizar o impacto na saúde da população exposta à fumaça.
Procurem permanecer em ambientes internos, mantendo portas e janelas fechadas. Se possível, usem purificadores de ar ou ventiladores, e molhem toalhas dentro de casa para ajudar a umidificar o ambiente. Evitem realizar exercícios físicos moderados ou intensos ao ar livre em qualquer horário. Para proteção contra partículas finas, podem ser usadas máscaras do tipo N95 ou PFF2 em saídas ao ar livre. A máscara cirúrgica ou panos como bandanas não protegem contra partículas finas, apenas contra partículas maiores, como a fuligem.
Natasha Slhessarenko Fraife Barreto é pediatra e patologista clínica, professora da UFMT, Conselheira Federal CFM e Embaixadora do Médicos pelo Ar Limpo em Mato Grosso.
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