O FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou a estimativa de crescimento da atividade econômica brasileira neste ano, mas passou a ver desempenho mais fraco em 2023. A informação consta da revisão das estimativas globais em seu relatório Perspectiva Econômica Global, divulgado nesta terça-feira (26).
O órgão internacional passou a projetar crescimento do PIB (Produto Interno Bruto do Brasil), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, de 1,7%, bem acima da taxa de 0,8% calculada em abril.
No entanto, para 2023, o texto mostra que a expansão da atividade será de 1,1%, 0,3 ponto percentual a menos do que o previsto em abril.
Apesar de ser a maior revisão para cima anunciada pelo FMI, o país vai crescer menos que a média mundial e seus pares emergentes.
O mercado também vem elevando sua projeção para o crescimento brasileiro neste ano, após um primeiro semestre melhor do que o esperado, e piorando a do ano que vem, diante da expectativa de que o aperto monetário impactará a atividade de forma mais expressiva e em meio a preocupações com a saúde fiscal do país.
O relatório Focus mais recente mostra que os especialistas consultados pelo Banco Central veem expansão de 1,93% do PIB em 2022 e de 0,49% em 2023.
A estimativa do FMI, no entanto, ainda está um pouco abaixo da do governo, que calcula que o PIB brasileiro deve crescer 2,0% neste ano. O cálculo do Ministério da Economia é ainda mais forte em 2023, com alta prevista de 2,5% para o PIB.
A melhora do cenário para o Brasil ajudou a impulsionar a projeção para o crescimento da América Latina e Caribe, com o FMI vendo agora aumento do PIB da região de 3,0% este ano, 0,5 ponto a mais do que no relatório anterior.
Mas da mesma forma, a estimativa para a América Latina e Caribe no ano que vem piorou em 0,5 ponto, para 2,0%.
"Embora as revisões sejam principalmente negativas para economias avançadas, exposições diferentes aos principais acontecimentos significam que as de mercados emergentes e economias emergentes são variadas", disse o FMI.
Entre os motivos que levaram o FMI a reduzir a projeção para o PIB mundial em 2022 em 0,4 ponto, a 3,2%, estão a inflação mais elevada em todo o mundo, desaceleração mais forte do que o esperado na China devido a novos surtos de Covid-19 e repercussões negativas da guerra na Ucrânia.
Para a China, o Fundo cortou as perspectivas de crescimento em 1,1 ponto para 2022 e em 0,5 ponto para 2023, indo respectivamente a 3,3% e 4,6%.
Esse foi um dos principais motivos para o cenário mais fraco previsto para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, 3,6% em 2022 e 3,9% em 2023, com cortes respectivamente de 0,2 e 0,5 ponto percentual.
"Os riscos para o cenário são predominantemente negativos. A guerra na Ucrânia pode levar a uma interrupção repentina das importações de gás da Rússia pela Europa; pode ser mais difícil reduzir a inflação do que o esperado se os mercados de trabalhos estiverem mais apertados ou se as expectativas de inflação desancorarem", listou o FMI.
O Fundo citou ainda como riscos globais a possibilidade de condições financeiras mais apertadas levarem a dificuldades nos mercados emergentes e em desenvolvimento, bem como uma escalada da crise do setor imobiliário na China e fragmentação geopolítica que afete a cooperação e o comércio globais.
A expansão do Brasil deve apoiar, contudo, o PIB da América Latina, de acordo com o FMI. "A América Latina e o Caribe também tiveram uma revisão para cima, de 0,5 ponto porcentual, em 2022, como resultado de uma recuperação mais robusta nas grandes economias", diz o fundo, no documento, citando países como Brasil, México, Colômbia e Chile.
Para 2023, o FMI promoveu um novo corte em suas projeções e espera que a economia brasileira cresça 1,1% e não mais 1,4%, como havia estimado em abril. Novamente, aqui, a redução das previsões foi em ritmo mais ameno do que a de outros países. Ainda assim, passadas as eleições presidenciais no Brasil, a economia deve se expandir abaixo do PIB global e dos mercados emergentes, prevê o fundo.
Fonte: R7