Mato Grosso foi o terceiro estado do país que registrou o maior número de mortes de crianças indígenas, de 0 a 5 anos, em 2021. Os dados são do relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgados nesta quarta-feira (17).
De acordo com o documento, 42 crianças eram do sexo feminino e 64 do masculino, totalizando 106 mortes no último ano. Mato Grosso ficou atrás do Amazonas, que registrou 178 mortes, e de Roraima, que teve 149 óbitos nesta faixa etária.
No país, foram registradas 744 mortes de crianças indígenas de 0 a 5 anos, segundo dados disponibilizados pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), por meio da Lei de Acesso à Informação.
O estado ainda ficou em primeiro lugar no Brasil com o maior número de mortes de crianças, de 0 a 5 anos, sem assistência. Ao todo foram 22 em Mato Grosso, sendo 5 de meninas e 17 de meninos.
Em seguida, vem o Amazonas, com oito mortes, 4 do sexo masculino e 4 do feminino. Em terceiro lugar, aparece o Pará com 7, sendo 3 de meninas e 4 de meninos.
Para o coordenador do Cimi, Gilberto Vieira dos Santos, os dados refletem a falta de ações do Governo Federal em relação às comunidades indígenas no estado.
“O Governo Federal não agiu devidamente no atendimento às comunidades indígenas, no que diz respeito à atenção de saúde. Então, infelizmente, a gente tem esses números. Percebemos em muitos lugares pessoas que tiveram dificuldade de acesso até mesmo à alimentação. Então, há casos de deficiência alimentar. Os órgãos, sobretudo a Funai, que deveria fazer esse atendimento, mais emergencial, não fez de maneira adequada”, disse Gilberto.
O coordenador ainda atribuiu o alto número de mortes às pressões que têm acontecido nos territórios indígenas no Estado ou em seu entorno.
“Temos a pesca predatória em muitos territórios, afetando diretamente o usufruto exclusivo desses povos aos seus territórios. O garimpo, o desmatamento, o avanço do uso de agrotóxicos, isso tudo causa, evidentemente, impacto na vida dessas comunidades. E, com certeza, na questão alimentar. E também, nesse caso, no atendimento à saúde”, explicou.