O capítulo do redimensionamento da educação em Mato Grosso, através da SEDUC, produziu na manhã desta segunda-feira, 26, mais um momento tenso. Desta feita foi em Juína, no noroeste do Estado, diante da decisão anunciada de transferir os cerca de 50 (três turmas) alunos do ensino médio da Escola Estadual Antônio Francisco Lisboa, na linha 05, conhecida como “Escola do campo” para a Escola Estadual Dr. Arthur Antunes Maciel, situada no perímetro urbano.
Os argumentos dos pais e alunos ouvidos pelo Juína News apontam para a excepcionalidade da instituição, inclusive no que diz respeito a qualidade de ensino, e os vários transtornos que a medida pode acarretar, entre eles o fato de que muitos alunos - que já percorrem longas distancias chegando até 50 km, saindo às quatro horas da madrugada - estenderem o percurso por mais 40 minutos a uma hora de ônibus, diariamente.
Pais de alunos, Luiz Magno e Manoel José de Jesus Botelho alegam que a chamada “escola do campo” tem qualidade de ensino e que a mudança seria ruim para os alunos das duas escolas e que algumas perguntas carecem de resposta, como qual a solução para o problema da diferença de saída entre os dois contingentes.
Representando o prefeito Paulo Veronese, em viagem, o Secretário de Educação Ericson Leandro manifestou apoio a comunidade, mas observou que na dinâmica em curso o município é responsável até o 5º ano, com o Estado cuidando do 6º ano ao ensino médio. Destacou que a comunidade tem o direito de lutar por seus interesses e falou do desejo de calmaria no cotidiano da Escola.
No alunado o descontentamento também é grande. Estudantes como Letícia Gabriele, Maisa Casarin, Nagela Pereira e Camila Rodrigues, todas do 1º ano, inseridas entre os que farão o percurso a partir de 2025, estudando na Escola Arthur, indignadas, além de fazerem coro as questões já registradas, lembram que muitos pais não vão aguentar essa dinâmica. Indicam até a possibilidade do êxodo para a cidade.
Entre os alunos que já passaram pelos ciclos iniciais outra reclamação levantada é a perda das chamadas eletivas do campo, ou seja, as matérias que focam especificamente em sua realidade, incluindo capítulo sobre a cultura do campo. Reforçam também a qualidade do ensino da instituição, comprovada através dos índices.
Solidário ao movimento, o professor, vereador eleito e presidente do Sintep em Juína, Carlito Pereira da Rocha, fez uso da expressão “desmonte da educação”, usada pelos que se opõem ao formato do redimensionamento da educação no Estado para referir-se ao movimento e elogiou a mobilização dos pais e alunos para que a Escola Estadual Antônio Francisco Lisboa permaneça como está. Ou seja, no campo.
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