Dia de despedidas de pioneiros em Juína. Depois do anúncio da morte de Seo Florisval Teixeira de Lima, o Pivete, de 81 anos, chegou a notícia do falecimento, em Cáceres, de Aristides de Souza Peres. Em comum, o fato de ambos terem chegado à região na década de 70 do século passado, em tempos em que a selva ainda impunha seus desafios e os sonhos eram tecidos com suor e coragem. Como escreveu o poeta: "A saudade é o preço que o coração paga por ter amado." E hoje, Juína paga esse tributo por mais uma perda.
Alguns cidadãos juinenses bastante conhecidos estão entre os filhos e netos de Seo Aristides. O popular Pedro Faca, da Auto Peças Pedro, é um dos filhos. A médica Dra. Viviane Lima Pereira e o Wender, da Juína Motos, estão entre os netos. Ao todo, são 17 filhos, 15 noras, 02 genros, 39 netos, 53 bisnetos e 4 tataranetos – uma árvore frondosa, cujas raízes fincaram-se profundamente no solo desta terra.
Com tão grande prole, certamente não faltarão histórias, marcadas por muitas lembranças, no ajuntamento solene de despedida, no espaço da Capela da Esperança Wilson Locatelli, no bairro Módulo 05, onde muitos se reúnem desde as 18 horas desta quarta-feira. Será um tempo de celebrar uma vida longa, mas também de sentir o peso da ausência. Como dizia Guimarães Rosa: "O que a gente ama fica. O resto desaparece." E o que fica, no caso de Seo Aristides, é um legado que atravessa gerações.
Ele se estabeleceu em Juína em 1978, na primeira década de sua história, num tempo em que se aventurar no noroeste de Mato Grosso era apenas para os fortes. A chamada Amazônia mato-grossense guardava perigos – onças que rondavam as margens da civilização, rios que cortavam o desconhecido, noites iluminadas apenas pelo brilho das estrelas e pela firmeza de quem ousava construir um futuro por aqui.
Seus últimos dias, em Cáceres, foram marcados por batalhas contra os limites do corpo. Segundo a neta, Dra. Viviane, ele enfrentou complicações de uma úlcera duodenal hemorrágica, sofreu choque hemorrágico, lutou contra problemas renais, submeteu-se a hemodiálise e permaneceu 30 dias na UTI. Mesmo assim, até o fim, carregou consigo a resistência dos desbravadores.
Em sua história, cumpriu-se a promessa bíblica de longevidade aos justos, pois no último dia 04 de março ele completou 94 anos. Era um dos poucos representantes dos pioneiros de Juína oriundos do Estado do Rio de Janeiro, onde nasceu em 03 de abril de 1931, no município de Bom Jesus do Itabapoana. Hoje, enquanto Juína se despede, ecoam as palavras de Cora Coralina: "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina." Seo Aristides não apenas viveu – ele plantou sementes que floresceram em uma cidade inteira.
O portal de jornalismo do Juína News deixa os mais sinceros sentimentos de pesar aos familiares e amigos.
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