Uma carta escrita pelo presidente da associação do prédio Champlain Towers South, que desabou parcialmente na quinta-feira (24) na Flórida, alertou os moradores no começo de abril que danos na estrutura do condomínio tinham "piorado significativamente" nos últimos anos.
O documento dizia que a "deterioração" se "acelerava" e era necessário investir cerca de US$ 15 milhões (aproximadamente R$ 75 milhões) em obras para adequar o edifício (veja mais abaixo).
A revelação foi feita pelo jornal "The New York Times" e pela rede de televisão CNN, que tiveram acesso à carta assinada há menos de três meses por Jean Wodnicki, presidente do conselho do condomínio.
As equipes de resgate entraram nesta terça-feira (29) no sexto dia de buscas por sobreviventes — o que é cada vez menos provável. A tragédia tem até o momento 12 mortos e 150 desaparecidos (incluindo uma criança brasileira).
Autoridades continuam procurando por bolsões de ar nos escombros, onde seria possível sobreviver por vários dias. Para isso, os bombeiros contam com o apoio de cães farejadores, guindastes e scanners de luz infravermelha.
Nesta terça, a Casa Branca anunciou que o presidente Joe Biden visitará o local na próxima quinta-feira, acompanhado da primeira-dama, Jill Biden. O presidente quer constatar que as autoridades estaduais e locais têm tudo o que precisam para a enfrentar a situação. "Eles querem agradecer aos heroicos socorristas, equipes de busca e resgate, e a todos os que trabalham incansavelmente 24 horas por dia", disse a secretária de imprensa, Jen Psaki.
O casal presidencial também deseja "encontrar as famílias que vivem esta terrível tragédia, para oferecer-lhes conforto enquanto os esforços de busca e resgate continuam", acrescentou a assessora.
Biden declarou estado de emergência na sexta-feira, permitindo ajuda federal para operações de resgate e realocação para os sobreviventes. O presidente americano disse no fim de semana que seu governo estava "pronto para fornecer qualquer apoio ou assistência necessária". "Este é um momento inimaginavelmente difícil para as famílias que sofrem com esta tragédia", disse ele em um comunicado no domingo (27).
No fim de semana, a imprensa americana revelou que um relatório de 2018 apontou um "dano estrutural grave" no condomínio: uma falha na impermeabilização que impedia que a água escoasse da laje de concreto abaixo do deck da piscina.
O documento alertava que uma laje estrutural de concreto precisava ser substituída "em um futuro próximo".
Apesar do alerta, uma autoridade municipal garantiu aos moradores, em uma reunião em novembro do mesmo ano, que o prédio estava "em muito bom estado".
Na quinta (24), mais da metade do Champlain Towers South desmoronou na madrugada, quando os moradores dormiam. Ainda não se sabe se a infiltração foi a causa do desabamento.
Detalhes da carta
O documento de 9 de abril deste ano alertava que os danos no condomínio "pioraram significativamente" desde que foi descoberto na inspeção de 2018, segundo o "New York Times".
A carta foi escrita aos moradores por Jean Wodnicki para explicar a necessidade de uma série de obras que precisariam ser feitas e custariam cerca de US$ 15 milhões (aproximadamente R$ 75 milhões).
A CNN diz que o documento detalha a decadência do prédio desde 2018: "os danos observáveis, como na garagem, ficaram significativamente piores".
"A deterioração do concreto está se acelerando. A situação do telhado piorou muito, então grandes reparos no telhado tiveram que ser incorporados", escreveu Wodnicki.
"Quando você pode ver visualmente o concreto fragmentado [rachaduras], isso significa que o vergalhão que o mantém unido está enferrujando e se deteriorando sob a superfície", alertou o presidente do conselho da Champlain Towers South.
Na segunda-feira (28), a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, afirmou que "haverá uma investigação minuciosa e completa sobre os motivos que levaram a essa tragédia".
Fonte: G1