Uma semana depois de registrar uma chacina com 7 mortos, incluindo uma criança na cidade de Sinop, Mato Grosso volta a ser destaque nacional por estar em primeiro lugar no ranking das 27 unidades federativas com aumento de 22,5% nas mortes violentas (feminicídios, homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte), no comparativo entre os anos de 2021 e 2022. Já o Brasil teve 40,8 mil assassinatos em 2022, com queda de 1% em relação a 2021.
No Estado, foram 786 homicídios em 2021 e 963 no ano passado, conforme dados da Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp). No cálculo não entram as mortes por intervenção de agentes do Estado, que somaram 109 no ano passado contra 103 em 2021, com um aumento de 5,8%. Somente na Grande Cuiabá o aumento foi de 24% nos registros.
Para o promotor de Justiça Vinícius Gahyva Martins, que integra o Núcleo de Defesa da Vida (NDV) do Ministério Público Estadual (MPE), as mortes decorrentes das guerras entre facções e as provocadas pelos agentes são os principais responsáveis por colocarem o Estado neste patamar de violência em que se encontra.
Cita a chacina ocorrida no ano passado, na cidade de Nova Monte Verde (968 km ao norte), onde 4 trabalhadores paranaenses foram executados por faccionados no Comando Vermelho (CV) pela suspeita de integrarem a facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). O grupo havia chegado recentemente para atuar em uma empresa de asfaltamento e uma simples foto nas redes sociais, onde um deles deixava 3 dedos à mostra, foi lida como sinal da facção rival, suficiente para decretar a tortura e morte de todos.
O promotor atua em casos recentes, aqui na Capital, envolvendo as mortes decretadas pelo CV, que ainda é a organização criminosa predominante no Estado. Hoje, um poder paralelo que cresceu e se estabeleceu onde o Estado não chegou com saúde, educação, segurança, entre outros serviços, cita Gahyva.
A facção mantém sua hegemonia intimidando a sociedade com suas atrocidades, para evitar testemunhas que coloquem seus membros sujeitos aos rigores da lei. Em atuações nas audiências de custódia, percebe-se que a punição do tribunal do crime do CV é muito mais temida do que da Justiça formal, já que pode resultar na morte de quem contrariar os estatutos da facção.
Fonte: GD