Juína/MT, 17 de Junho de 2025
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17 de Junho de 2025

Polícia Quarta-feira, 22 de Março de 2023, 19:11 - A | A

Quarta-feira, 22 de Março de 2023, 19h:11 - A | A

Policial penal do CDP de Juína é investigado por supostos golpes contra colegas

o servidor teria atraído mais de uma dezena de colegas de profissão para participar de apostas

A Polícia Civil de Juína instaurou uma investigação preliminar contra o policial penal José Luis de Souza Junior, que é suspeito de aplicar golpes contra colegas de trabalho.

Conforme as investigações, o servidor teria atraído mais de uma dezena de colegas de profissão para participar de apostas esportivas através da plataforma online BET365 e dado calote em parte deles.

A BET365 é uma das plataformas de apostas mais conhecidas no Brasil. Nela é possível apostar em resultados de diversas modalidades esportivas.

O delegado Valter Cardoso Ribeiro de Moura, que auxilia na investigação, explicou que o servidor se fazia valer da confiança que as próprias vítimas adquiriam com o passar do tempo na plataforma e os supostos ganhos.

“O cara dá 80% de garantia de ganho para você no programa dele. Nesse programa ele vai ganhar sempre alguma porcentagem quando você estiver jogando”, explicou o delegado.

A vítima então “pega confiança”, sendo esse o principal objetivo. “Você vai jogando e vai ganhando, e ganha também confiança. A nossa mente é assim, repetitiva. Aí o cara faz o quê? Joga tudo de uma vez só e perde”, completou.

Conforme apurou a reportagem, o policial penal chegou a prometer a colegas uma taxa de 100% de sucesso nas apostas.

Uma das vítimas registrou um boletim de ocorrência contra o policial penal em outubro de 2022. Segundo o documento, o denunciante foi colega de trabalho do profissional em outra cidade e acabou perdendo dinheiro, já que investiu nas apostas por considerá-lo uma pessoa de sua confiança.

José Luis de Souza Junior  fez o convite em uma conversa por telefone. “Na ligação José Luis lhe ofereceu a proposta de apostas esportivas através da plataforma de nome BET365 com promessa de dobrar ou até mesmo triplicar o capital investido”, diz trecho do documento.

A vítima acreditou no colega e lhe fez uma transferência inicial, via Pix, no valor de R$ 5 mil.

Apenas alguns dias depois José Luis alegou ao colega que o capital investido já havia dobrado, e que as apostas estavam muito boas. Ele, ainda conforme o B.O., perguntou se a vítima gostaria de enviar mais dinheiro.

A vítima, então, fez um empréstimo bancário no valor de R$ 25 mil para prosseguir com os “investimentos”.

Cerca de uma semana depois, o denunciante recebeu uma nova ligação. Dessa vez, José Luis disse que os R$ 30 mil investidos até aquele momento teriam se transformado em R$ 150 mil e que a plataforma demorava até cinco dias úteis para fazer a liberação do montante.

Depois disso, a alegação de José Luis ao ex-colega era de que a BET365 não realizara a transferência. Uma vez que o valor a ser transferido era muito alto, a plataforma estaria, segundo o servidor suspeito, cobrando uma taxa de R$ 22,5 mil.

Para receber o que lhe correspondia, a vítima fez um novo depósito para o colega, no valor de R$ 12,5 mil. A diferença da suposta taxa seria quitada com o “lucro” dos valores investidos.

Mais alguns dias se passaram e J.L.S.J. fez uma nova alegação, conforme o B.O.. Ele disse que a plataforma havia cometido um erro de cálculo e que o valor da taxa era na verdade de R$ 25 mil. A vítima então repassou mais R$ 2,5 mil para quitar a suposta diferença.

O policial penal descobriu que não era a única vítima de José Luis e resolveu representar criminalmente contra o colega.

Segundo o policial, ele faz parte de um grupo de WhatsApp que já soma 16 outras pessoas supostamente lesadas. “Fora as outras que a gente sabe que tem, mas não se pronunciaram por questão de medo e de vergonha, porque na teoria era uma pessoa índole”, disse a vítima

“Infelizmente é uma frustração, uma decepção. Era um colega de trabalho em que a gente confiava. É uma sensação de impotência e agora a gente quer mesmo é justiça”, afirmou.

O montante “investido” pelo denunciante na plataforma foi de R$ 57 mil. Parte desse valor, no entanto, diante da repercussão do caso, foi devolvido por J.L.S.J. à vítima, que segue com dívidas no banco.

“Eu fiz empréstimo, fiquei com o nome sujo, mas vou renegociar agora. Muitos estão revoltados porque fizeram empréstimos. Então é aquela sensação de desespero, agonia. Teve colega que entrou em depressão”, finalizou.

O delegado Valter Cardoso era cunhado de um outro policial penal que também teria sido lesado nas apostas. Ele suicidou em novembro do ano passado.

A família acredita que o golpe pode ter contribuído para o ato, já que o servidor contraiu uma dívida aproximada de R$ 100 mil para fazer apostas.

“Eu estou sofrendo muito. Vou me considera parcial [para seguir na investigação] e mandar todos os documentos da investigação para a Regional”, explicou o delegado.

“Com certeza foi pelo golpe, porque ele não bebeu, não usou drogas. Ele surtou porque achava que tinham dois caras atrás dele. Ele simplesmente estava com essa dívida”, disse o delegado.

Cardoso concluiu que o esquema tinha o que ele denominou de “a bancada”, na qual o jogador, após ganhar a confiança e se arriscar nos jogos da plataforma e perder tudo, recorria a essa bancada para pedir dinheiro.

A possibilidade de empréstimos consignados aos quais os servidores têm mais fácil acesso funcionaria quase que como uma garantia de pagamento.

“Aí o camarada da bancada, o chefe, que a gente não sebe quem são os demais envolvidos, dá o dinheiro emprestado porque ele sabe que o cara tem margem para consignado e se ele perder vai pegar o consignado para pagá-lo”.

No dia em que se suicidou, a vítima ficou rondando a própria casa como se tivesse recebido uma ligação de ameaça, explicou Cardoso.

AFASTADO

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) informou que o policial penal está afastado de suas funções.

“Desde a primeira denúncia que foi feita foi aberto um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) que se encontra na Unidade Setorial de Correição (Unisecor) da Secretaria de Estado de Segurança (Sesp-MT), para apreciação e deliberações que o caso requer”, diz trecho de nota.

 

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Fonte: Mídia News

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